O casal cristão CASADO pode tudo entre 4 paredes?


"Desfrute a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida, e no teu trabalho, que tu fizeste debaixo do sol". (Eclesiastes 9:9)

Quando o assunto é sexo, as censuras e tabus na maioria das igrejas evangélicas retratam a severidade com que a maioria dos religiosos tratam o assunto. Muitos casais vivem hoje distantes da igreja, pensando seriamente em retornar, depois de realizar algumas fantasias "pecaminosas" com o cônjuge. Isso porque aprenderam que, se a relação sexual não for do modo tradicional "papai e mamãe", na finalidade única de gerar filhos, estarão cometendo um pecado terrível contra Deus. Usar uma lingerie que agrade ao esposo, realizar uma fantasia, um fetiche, é apontado por uma maioria religiosa como algo sujo, pornográfico, do demônio.

Conselheiros de igreja, alguns inclusive pregam fervorosamente em vigílias e consagrações, gritam no microfone sobre os "perigos" do casal e o sexo no casamento. Cria-se então uma espécie de medo e cobrança pessoal, e a opção encontrada por um casal de jovens é afastar-se da igreja, pois assim não estariam "brincando com as coisas de Deus", como advertiu o pregador.

É incrível como estes pseudo-conselheiros tem uma grande facilidade em amaldiçoar as pessoas, coagir, praguejar castigos, falar da "pesada mão de Deus", ao invés de abençoar, interceder, ou seja, salvar estas vidas, se elas realmente estiverem vivendo no pecado. Com um pouco de leitura, entendimento da bíblia, descobre-se que tudo isso não passa de um julgo pesado, alienador, que todos os dias afasta centenas de casais de inúmeras igrejas, que poderiam estar firmes. Ao invés de crescimento no Reino de Deus, criam um ambiente de insegurança, pois o sentimento de culpa rouba a fé.


Todos nós temos desejos sexuais. O sexo foi criado por Deus, e não pelo diabo. Óbvio que o casal cristão deve mesmo buscar a santificação, ter uma vida com Deus, jejuar, orar, ler a Palavra. Ninguém, mesmo o não-cristão, fica 24hs por dia pensando em sexo. Exceto aquele que tem algum problema, é doentio, mas isso já é outra coisa. A vida tem tantos problemas, no dia-a-dia, no trabalho, no próprio relacionamento com a pessoa que se casou, pois ter compatibilidade de gênios na convivência não é nada fácil. E diante de todas estas lutas da vida, quem fica o tempo inteiro pensando em sexo?! E aí, mesmo com os raros momentos que a pessoa tem para desfrutar no matrimônio, ainda tem que ouvir sermões condenando o sexo!

Me recordo que, em certa ocasião, um casal estava faltando muito a Santa Ceia, e já começavam a faltar as reuniões de domingo, e quando eles foram, eu e mais um casal do ministério chamamos para conversar no final do culto. O casal, um tanto sem graça, resolveu relatar que tinham "uma dúvida", se estavam ou não pecando. Resumindo: ela havia comprado uma lingerie, com espartilho, meia-calça, e resolveram se "afastar" um pouco da igreja devido a este "grave pecado". Sorrimos, mantemos sigilo, e quando falei que eles não tinham cometido pecado nenhum, voltaram a cear, e permaneceram firmes na igreja, como estão até hoje. 

Fui embora imaginando quantos casais, nas mais diversas denominações, principalmente as mais rigorosas, foram aos poucos se afastando, diminuindo a frequência, e depois se desviando totalmente da comunhão. Este casal ainda nos surpreendeu por detalhar algo de cunho íntimo. A maioria jamais fala. Como nas pregações sempre exorto a ninguém ir para casa com nenhuma dúvida, seja qual for, talvez isso os tenha motivado a resolver logo a questão.


A maioria das pessoas que condenam quase tudo no sexo (mesmo entre casados) são bons em apontar os outros, condenar, enumerar castigos divinos, mas nunca bons para responder. Se você fizer uma ou duas perguntas eles saem sem dar respostas, ou citam versículos isolados, que podem se relacionar a qualquer área da vida, tais como: "Sede santo, como santo é o nosso Deus"..."Tudo vos é lícito, mas nem tudo convém"...etc. 

E se você insistir em questões que os deixem confusos, chegam a dizer que o demônio está usando você para os interrogar. Afirmam que não gostam de polêmicas ou discussões, mesmo que tenham sido eles que começaram. É uma velha desculpa de quem não tem resposta.

A aplicação prática da "santidade no sexo", apregoada na igreja, não é obedecida em quase nada na maioria das denominações religiosas. Os "glórias" e "aleluias" no momento do sermão, servem para se passar uma aparente concordância a advertência. Depois do culto, tudo isso é esquecido. São pregações repetidas. Quem visita imagina estar ali um "povo santo", mesmo que não sejam todos, mas imagina-se ao menos a maioria.


Sermões proibitivos funcionam mais em cidades do interior. Quanto menor for a cultura do povo, maior é o medo, e consequentemente, a submissão. Em alguns casos chegam as raias do fanatismo. Há inúmeros casos nas igrejas em lugares mais pobres, de casais que só tem suas relações íntimas de luz apagada, embaixo de cobertores, fazem buracos nos lençóis, dormem em camas separadas, etc. Para alguns até o fato de citar o assunto "sexo" já é um pecado. As filhas não tem nenhuma instrução, ou diálogo. Geralmente os pais acham que a "oração de poder" resolve tudo. Muitas meninas, ainda adolescentes, engravidam do namorado que conheceram na escola ou na igreja. Lamentável.

No ano de 2002, quando escrevi o artigo afirmando que sexo oral não é pecado, o site que eu tinha (não era este blog) explodiu em visitas. Ninguém tivera, na época, a ousadia em escrever algo que torceria o nariz de muitos legalistas. Alguns criticaram, mas a grande maioria agradeceu o esclarecimento. Fiz, no artigo, uma pergunta: Se a boca é para louvar, orar, adorar, e as MÃOS? Não são usadas para imposição na oração, ungir com óleo?! E agora?? O casal cristão não pode também acariciar, e tem que colocar as mãos para trás?! 

Até hoje ninguém respondeu a esta pergunta. Os que discordam apenas vociferam frases carregadas de ódio, o que reforça a minha fé, que a religiosidade conduz a uma espécie de fanatismo involuntário. No artigo sobre o casal cristão poder ir a um motel, foi a mesma coisa. Mais um milhão de pessoas acessando, lendo, e agradecendo pelo artigo. E os críticos com o mesmo palavreado de sempre.


As proibições de muitas igrejas vão se tornando obsoletas com o passar dos anos. O que muitos condenam hoje estará liberado daqui a 10 ou 15 anos. As vezes menos. Depende do pastor, ou da convenção a que ele está ligado. Se você pesquisar a história de muitas denominações evangélicas, envolvendo os dogmas, as "doutrinas", os usos e costumes denominacionais, ficará estarrecido com o número de proibições que muitas igrejas tinham em seus estatutos internos, para não detalhar as coisas ridículas que eram proibidas, desde mascar chiclete, beber refrigerante, a ter televisão em casa, etc. 

SEXO ANAL

Dúvidas, dúvidas, e mais dúvidas. Esta parece ser uma marca registrada na cabeça de muitos evangélicos. Quase nunca há uma certeza nos assuntos íntimos, e muitos dos que se dizem contra o fazem apenas no receio de não terem a imagem prejudicada em um assunto que a maioria critica. Existe um porque de muitos condenarem o sexo anal. Vejamos:

Quando abordamos o assunto "sexo anal", o primeiro texto bíblico que vem a debate é Romanos 1:26-27:

"Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão"

Se estudarmos o contexto destes versículos, vamos descobrir que Paulo se referia aos bacanais públicos e oficiais de Roma. A orgia era parte oficial da instituição. É só ler com um pouco mais de atenção que você vai perceber. César tinha relações com todas as mulheres que queria e também fazia-se mulher para muitos homens. Tudo era permitido! Ele definitivamente não estava falando de sexo anal entre marido e mulher com consentimento e prazer mútuo.

A versão da Nova Bíblia Viva não nos deixa dúvidas:

"Esta é a razão pela qual Deus os entregou a paixões pecaminosas, a tal ponto que até suas mulheres se voltaram contra o plano natural que Deus tinha para elas e cederam aos pecados sexuais entre elas mesmas"

Sugiro então que não use mais este texto para condenar o sexo anal.

Outro versículo que também gera debate é 1º Coríntios 6:9-10:

"Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarento, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus".


Sodomita. Essa palavra tem origem na descrição Bíblica de Sodoma e Gomorra. A interpretação mais difundida desse texto é de que o pecado de Sodoma seria o sexo entre homens, no entanto, estudos bíblicos mais recente entendem que o pecado de Sodoma é a injustiça e a anti-hospitalidade. Outra teoria diz que o motivo da ira Divina sobre Sodoma e Gomorra, era o abuso sexual e a intenção de fazer o mal ao próximo. 

Esses estudos, pregam que os sodomitas eram tão perversos que desejavam humilhar os forasteiros, abusando-os pela simples razão de serem estrangeiros. E dizem ainda que a intenção dos habitantes pode ser entendida apenas como vontade de fazer o mal. Mais uma vez não podemos afirmar que esta palavra se refere ao sexo anal feito entre marido e mulher com consentimento mútuo e prazer. [Pastor Oliveira de Jesus].

Guarde um bom conselho que serve para todas as áreas de sua vida: Tudo o que é exagerado, vicioso, é prejudicial. Há cristão que quando descobre que ir à praia não é pecado, começa a ir todos os dias que pode. Até o dia que quase se afoga, e volta a dizer que a praia é "do demônio". Tudo o que você e seu esposo ou esposa fizerem, façam de comum acordo. Se achar que algo é pecado, então que não façam, mas não transforme isso em uma regra moral coletiva. 

É impressionante como uma pessoa cristã pode basear o seu conceito sobre pecado em pesquisas mundanas. Falam tanto de serem "diferentes do mundo", que "o mundo nada tem de bom", etc, e quando querem ter respaldo para criticarem o sexo oral ou anal, baseiam-se em "pesquisas científicas realizadas", afirmando que isso ou aquilo traz doenças, etc. Há pessoas que tem em sua natureza a herança genética para desenvolverem doenças até quando só praticam o sexo tradicional. E como já afirmei e repito, tudo o que é feito de forma exagerada, viciante, doentia, com certeza causa problemas.


Coloque sempre a sua vida no altar. Ore bastante, pois a oração é a respiração do cristão. Leia a Palavra de Deus e estude, procure compreender, leia bons artigos, e não fique alienado a pregações aleatórias. Muitas pessoas pregam mais o que acham do que o diz a Bíblia. Muitos já tem uma força de hábito em afirmar no microfone que "Deus está mandando dizer" as coisas que ele pregou, e isso raramente condiz com a realidade.

Consagre sua vida, você e seu cônjuge. Seja fiel a Deus. Não existe coisa melhor do que ter uma vida consagrada. E isso não significa ser um crente ranzinza que condena tudo e todo mundo. Muito pelo contrário, é ser liberto das garras do religiosismo, que aniquila a fé, e causa a apostasia.

"Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jogo de escravidão". (Gálatas 5:1)

"Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, é soberbo, e nada sabe". (1º Timóteo 6:3)

Denis de Oliveira é Pastor da Assembleia de Deus, Ministério Poder de Deus, RJ.

5 comentários:

  1. Os assuntos considerados tabus no mundo e em algumas denominações devem ser abordados na igreja para libertar o povo de Deus. Para mim este assunto foi tratado de forma aberta e transparente a luz da Bíblia. Parabéns e que Deus continue a dar-lhe sabedoria e revelação. Deus o abençoe.

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  2. Essa era uma duvida que eu tinha,acabei de tirar.

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  3. Gostei muito da clareza do assunto

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  4. Eu também passei por isso sempre questionei os meus pastores que passaram pela congregação onde eu congregava ,as respostas deles era essa mesma que o pastor citou aqui obrigada pastor me tirou um grande peso da minha consciência.

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