LIBERTAÇÃO OU IMPOSIÇÃO?!


"Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres". (João 8:36)
 
A poucos dias participei de uma reunião em que um pastor amigo meu relatou sua dificuldade em adaptar algumas jovens a sua igreja, pois elas gostam de usar brincos, adornos que sua igreja proíbe, e a igreja anterior que elas faziam parte, permitia. As jovens, que vieram de outra cidade, e agora estavam morando quase ao lado da igreja, poderiam até ficar na igreja, mas nunca cantar no grupo jovem. Perguntei porque ele não deixa elas cantarem, mesmo com os brincos, que segundo ele mesmo disse, eram pequenos, discretos, e ele respondeu:
 
"-Ah, pastor...se eu liberar para elas, as outras jovens TODAS vão querer usar também!"
 
Diante desta resposta, perguntei:
 
"-Me diga uma coisa, porque as jovens de sua igreja não usam brincos?"
 
E ele respondeu:
 
"-Porque Jesus libertou elas desses troços".
 
"-Ora, mas se Jesus LIBERTOU elas dos brincos, porque elas vendo outras jovens usarem irão querer usar novamente?? Seria razoável concluir que alguém que foi "liberto" de algo, seu testemunho vence as provações, como ver outros praticando o velho ato que ela abandonou! Deixa estas jovens usarem seus brincos até serem também libertas, e isso não será problemas para as outras que já receberam a libertação. Ou será que estas jovens não são "tão" libertas assim?! Foi Jesus quem libertou elas ou foi o sr que impôs esta "doutrina" na igreja?! Se foi o sr, então mande estas jovens para outra igreja, pois a sua não aceita brincos!"
 
O problema é que ele queria as jovens ali na igreja dele, porque elas cantam muito! As meninas tem uma voz linda, afinadas, são de compromisso, de oração, como ele mesmo disse.
 
Eu respeito todas as igrejas, mesmo as mais legalistas. Tanto que este pastor é meu amigo de longa data. Mas não entra na minha cabeça uma situação contraditória como esta! Se usar brinco é pecado, eu pergunto: como ficam os Adornos de Rebeca???

"Depois que os camelos acabaram de beber, tomou o homem um pendente de ouro, de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos de ouro. Então lhe perguntei: De quem és filha? E ela disse: Filha de Betuel, filho de Naor, que Milca lhe deu. Então eu lhe pus o pendente no nariz e as pulseiras sobre as mãos. Quando o servo de Abraão ouviu as palavras deles, prostrou-se em terra diante do Senhor, e tirou o servo jóias de prata, e jóias de ouro, e vestidos, e deu-os a Rebeca; também deu coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe"(Gênesis 24:22,47,53)

Nenhum destes adornos eram impecilhos para a comunhão do povo com Deus. Eu creio até que uma pessoa que queira passar uma imagem melhor de cristão (ao menos aqui no Brasil) não fique usando tantos penduricalhos, parecendo uma árvore de natal. Mas poxa vida, será que este pastor não podia ser um pouco mais tolerante com aquelas jovens com seus pequenos brincos? É compreensível e aceitável que cada igreja tenha suas normas, seus "regulamentos internos". Mas o que não é compreensível são as atitudes que lançam fora milhares de jovens, por dogmas que, muitas vezes, mudam de vinte em vinte anos.
 
Veja o que diz Êxodo 3:21 a 22:
 
"EU darei mercê a este povo aos olhos dos egípcios; e, quando sairdes, não será de mãos vazias...
Cada mulher pedirá à sua vizinha e à sua hóspeda, jóias de prata, e jóias de ouro, e vestimentas;
as quais porei sobre vossos e filhos e sobre vossas filhas; e despojareis os egípcios". 

 
    Veja nesta passagem acima, que o povo de Israel sai do Egito com utensílios de ouro e prata, como determinação do próprio Deus. Veja ainda o que diz Ezequiel 16:11,12:
 
"Também te adornei com enfeites e te pus braceletes nas mãos e colar à roda do teu pescoço.
Coloquei-te um pendente no nariz (ou testa, em outra versão),
arrecadas nas orelhas e linda coroa na cabeça".
 
     Vemos claramente que estes usos e costumes não eram empecilhos para a comunhão do povo com Deus. Muito pelo contrário, era determinação do Senhor. 
 
Alguns irmãos e irmãs ainda alegam em seus testemunhos que mudaram suas roupas porque "sentiram" de se vestir diferente, e que com outro tipo de roupa (bermuda, camiseta) não se sentem bem. Muito difícil este sentimento não ser fruto de uma cobrança incansável de seus líderes que usam os púlpitos para doutrinar regras de roupas. Outro motivo é a aceitação social no grupo. Nestas igrejas, se o novo agregado ainda insiste em usar bermuda, alguns irmãos ainda o olham de canto de olho, jogam indiretas sobre roupas, o desprezam dos convites de passeio, e logo, logo o adepto opta por se vestir como os demais. Isso não é o toque de Deus! Isso é cobrança do homem!!! Mesmo que eles afirmem estar "sentindo-se mal ao usar uma bermuda ou camiseta", estes "sentimentos" não tem respaldo bíblico. O cristão deve "sentir-se mal" ao falar uma mentira, pois mentiroso é filho do diabo! Deve sentir-se mal ao falar mal do próximo, pois a Bíblia condena no livro de Tiago a não falar mal do seu irmão! E muitas outras atitudes que não vemos estas mesmas pessoas se sentirem tão mal assim. Fofocas, calúnioas, mentiras, ciladas contra o próximo, traições, etc, são algumas coisas que acontecem com freqüência em meio a muitos que, se SENTEM MAL por questões que a Bíblia nem trata, deveriam então se sentirem muito mais mal ainda ao falar mentiras ou falar mal de um irmão!
 
Mas é como a Bíblia diz, a boa árvore se conhece pelo fruto, e não pelas folhas!
 
“Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos, pois os homens serão...
traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
tendo APARÊNCIA de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses”.
(2 Timóteo 3:4,5)

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